24.10.07

História cíclica

(publicado no Diário Catarinense - 26 de novembro de 2007)

Há quatro anos o problema da venda e consumo de drogas no campus da UFSC era notícia. Por conta de premiada reportagem veiculada pela RBS o assunto entrou na ordem do dia, ganhando repercussão nacional. Dentro da Universidade o debate foi igualmente intenso: de um lado os defensores do policiamento ostensivo do campus; do outro, aqueles que – por anacronismo, ingenuidade ou má fé – ainda confundiam segurança pública com a repressão política dos tempos autoritários.

Aqueles também eram tempos de eleição para a reitoria. Como eu, os que defendiam uma Universidade de excelência acadêmica, democrática, inovadora e mais segura – inclusive com a abertura de um posto policial no seu interior – cerraram fileiras em torno da única candidatura cujas propostas poderiam cumprir tais requisitos. Os demais candidatos, buscando o voto e a simpatia dos estudantes e professores mais "progressistas", alternativos e revolucionários, apresentavam uma postura leniente, fechando questão contra o tal "policiamento no campus" – tabu para a esquerda universitária.

Vencemos mas não levamos, o presente demonstra. Muitas concessões foram feitas e o medo do politicamente incorreto manteve a UFSC entregue ao crime e a contravenção. O próprio Reitor foi seqüestrado neste período – ironicamente por aqueles que (em causa própria?) ainda recusam o policiamento.

Felizmente, não é apenas o consumo de drogas que "é cíclico", como disse o professor Lúcio Botelho [veja reportagem completa]. Este ano a Universidade elege seu novo reitor. Para o bem de toda comunidade, não apenas a acadêmica, torçamos para que a próxima gestão se comprometa a reprimir a apologia, o consumo e o tráfico de drogas no campus.